terça-feira, 29 de novembro de 2011

Será que eu sou gay?

   Hoje escrevo aos meninos mais novos e alguns mais velhos, que estão em dúvida sobre a sua sexualidade. É comum em rodas de amigos (heteros) a galera ficar fazendo piada de quem pega pouca mulher ou tem pouco interesse, e são justamente os mais desinteressados que ficam em dúvida sobre a sua sexualidade depois de um tempo.

   É importante antes de qualquer coisa lembrar que não se escolhe ser gay, ninguém em sã consciência escolheria uma vida diferente da maioria, cheia de privações, ser perseguido, maltratado e julgado por ter uma sexualidade diferente. Pode esquecer essa ideia que os religiosos que pregam os valores da família falam que se você tentar, se você quiser com muita força você pode sim ter uma vida digna (estão a dizer que você pode levar uma vida de mentira nada mais), meu caro se você gosta de salsicha nunca vai se acostumar com uma ostra (analogia esquisita, mas está valendo) vai por mim.

A continuar...
   A meu ver existem três tipos de gays com três tipos diferentes de processos de aceitação. Para alguns acontece mais cedo ali pelos 11 ou 12, outros mais tarde com eu que fui me questionar lá pelos 17 quase 18 anos e também tem aqueles que começam a se fazer essa pergunta bem mais tarde.

   Os mais jovens 11 ou 12 anos geralmente é uma coisa mais natural, espontânea geralmente são meninos que se identificam mais com as meninas do que com os meninos e já muito cedo percebem que a sua onda é outra. Esses a meu ver são os que têm mais sorte vamos dizer, porque eles têm desde muito cedo em mente do que realmente gostam e passam por menos conflitos acredito.

   Tem os que como eu começam a se descobrir lá pelos 16, 17 ou 18 (eu 18) anos, esses não se identificam muito com o mundo G, não curtem rodas de meninas, se sentem melhor realmente com amigos do mesmo sexo (sem nenhuma intensão sexual). Ele não sente aquela atração pelas gurias que os outros caras da sua idade sentem, ficam por ficar para não fazer digamos uma desfeita ou não ficar mal na fita com os amigos (querem se encaixar). Esses são os que têm mais conflitos dos três tipos, pois quando percebem que o seu lance é outro entram em desespero e não querem acreditar.  Geralmente esses desde os 11 ou 12 anos, vêm os outros meninos de uma forma diferente mais não sabem definir bem o que é isso, não sabem se acham bonitos, se tem inveja da beleza e masculinidade dos outros são sentimentos muito confusos que por vezes são um grande problema. Mas um dia ele tem um estalo, começa a perceber que está olhando para homens e não mulheres, bundas, pernas, membros superiores e rostos masculinos são o que fazem sua vida ter sentido.

   E existe o terceiro tipo que eu chamo de full off (totalmente desligado) também conhecidos como enrustidos, quando adolescente já percebe que é diferente mas por influências externas (família, amigos e sociedade) ele fecha os olhos para o que realmente é e leva uma vida “normal”, vai pra balada com os amigos fica, namora, fica noivo  e casa com uma mulher, muitas vezes até tem filhos. Até que um dia ele começa a perceber o que realmente deveria ser a vida dele, começa a ver que a vida que ele leva não tem sentido algum, sofre com casamento e com exigências familiares e de amigos e vê que ele é infeliz com essa vida. Mas já está comprometido com várias coisas família (seus pais, esposa e filhos), amigos e a sociedade. Nesse momento podem acontecer duas coisas, ele pode jogar tudo pro alto e baixar a lady gaga (brincadeira). Ou pode fazer o que a maioria faz, levar uma vida dupla se encontrando com colegas de trabalho, caras do fast foda uol (obrigado pelo termo N.B) para um troca-troca. Em minha opinião essa segunda escolha é muito triste, pois ele vai continuar mentido para pessoas que ele gosta, e pior mentindo pra ele mesmo, vai levar uma vida de mentira e chegar ao fim da vida e ver que não viveu o que queria para agradar aos outros.

   Esses são os três tipos processos que podem acontecer com gays, depois de ler sobre todos os tipos de gays se você não conseguir definir o que te realiza, lembre-se que para conseguir entender sua sexualidade você não pode pensar no que é mais fácil, o mais fácil é pensar no que te ensinaram a vida toda, que um homem tem pertencer a uma mulher e vice versa.

   Reflita sobre o que te atrai; um homem, uma mulher ou os dois. Tenho certeza que com o tempo você vai ver o que faz mais sentido para você, o que te faz bem. Esqueça-se das normas sociais e religiosas que dizem que ser heterossexual é o correto para a vida de todos e viva da maneira que se sente melhor, que se sente feliz.

- Ahh mais assim eu vou ter problemas com a minha família e com a sociedade!
Gato, você vai ter problemas de qualquer jeito. Tudo requer algum sacrifício, você só tem que pensar na vida que você tem e na que deseja ter e lutar por ela e arcar com as consequências.

   Lembre-se, você só tem uma vida, não viva para que só os outros fiquem felizes, viva para que você seja feliz e os que quiserem poderão ser felizes perto de você.

Espero ter ajudado os que estão com dúvidas, comentem no post e enviem o link para amigos quem tem esse problema.
Abraço a todos e boa semana.


8 comentários:

  1. De fato, excelente post! É complicado ver essas pessoas que acham que nascemos com um interruptor no corpo, pra ligar ou desligar o "modo hetero"...

    Confesso que no começo da aceitação, pensei em "ignorar os sentimentos errados" e me apoiar no casamento. Mas mentir duplamente - para minha família e para mim - é a pior coisa do mundo... ninguém vive em paz desse jeito...

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  2. Adoro o seu blog esta fantastico, continua a colocar mais textos.

    Eu descobri que era gay à pouco tempo (cerca de 2 anos para mim é pouco tempo ) e sinceramente vejo que tenho de lutar muito ainda para alcançar a minha felicidade.

    Eu sempre me atrai por rapazes, mas pensei que ia passar, mas quando cheguei a adolescencia e vi os outros rapazes e raparigas a namorar e a perder a virgindade e coisas do genero percebi que nao era meninas que eu queria. Nessa altura sofri muito, pensei em por fim na minha vida, Mas quando fui no show da "lady gaga" percebi que nao estava sozinho nessa luta contra a sociedade. Hoje estou muito melhor e ja nao penso em me suicidar, no entanto os problemas continuam ( minha familia ainda nao sabe e morro de medo de contar porque tenho uma familia muito conservadora ) tenho raparigas atras de mim e meus colegas começam a fazer pressao para que eu as conheça e para piorar todos os gays que conheço sao: digamos "bixas" o que eu nao acho muita piada (mas nao tenho nada contra)

    Minha vida esta de pernas para o ar mas espero conseguir me orientar

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  3. Ótimo texto Mr.FG

    Foi uma divisão bem simples mais ao mesmo tempo bem completa porque a maioria dos gays se encacha em uma delas.
    No meu caso eu fui daqueles garotos mais tímidos que fazia amizade mais fácil com garotas (mas o povo não diz que eu sou bixa, só uns bárbaros que eu já tive discursões antes ¬¬) mais tenho minhas amizades com garotos.

    Ao mesmo tempo que concordo também descordo do fato de ser mais natural e “fácil” de aceitar para nós, primeiro pq agente já tem de começar a refletir sobre a vida e a sociedade mais cedo (que também pode ser uma vantagem se a pessoa não pensar em se matar) e muitas vezes não temos material para isso e muito menos a coragem para perguntar a alguém (ainda bem que temos a internet) mas se torna um pouco menos doloroso pq garotos como eu tiveram mais tempo para pensar e se acostumar com a ideia, sem ter tanta pressão dos amigos heteros para ficar com uma garota, já que ainda estávamos entrando na adolescência.

    Só para acrescentar uma coisinha, a minha psicóloga disse que na visão atual da psicologia ninguém nasce gay, esse “estado” é causado por alguma experiência sexual ou alguma forma de criação que pode ter levado o garoto inconscientemente a não gostar de relacionamentos heteros (que diz ser a única explicação para o meu caso já que o casamento dos meus pais sempre foi turbulento) ou algum trauma como um estrupo que pode deixar a pessoa com horror ao sexo oposto, pra resumir são essas.

    Abraço, e espero que todos possam um dia agir da maneira que somos sem sermos previamente julgados.

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  4. Discordo completamente da sua psicóloga, nunca tive nenhuma experiência ruim com o sexo oposto, minha criação em uma família evangélica foi impecavel, muito tradicional, ninguém abusou sexualmente de mim em nenhum momento da minha vida, o casamento do meus pais é muito sólido e ambos são presentes em minha vida, sempre foram, e no entanto, sou gay. A sexualidade é uma coisa natural, não tem nada a ser trabalhado, simplesmente é!

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  5. Pois é,mas vai dizer isso a um psicologo ¬¬' ou aos meus pais.

    Tambem discordo.

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  6. Voçe esqueceu de falar os que nascem gays como eu que desde os 5 anos tenho certeza disso

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    1. Bom, esse post foi dedicado as pessoas que não tem essa certeza desde sempre, como no seu caso desde os 5 anos. Existem pessoas que se descobrem ou se assumem depois dos 50 anos, pensa só... RSRS
      Espero que continue acessando e comentando. Abraço!

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